Esse blog foi criado pelos alunos do professor Ricardo para divulgar os rascunhos literários.
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sábado, 19 de junho de 2010

Máscara - Alvaro Freitas

Que gracinha, é a cara da mãe!
Carente, assustado e indefeso,
Estranho em um mundo estranho.
Achando ter escapado ileso,
Foi levado ao primeiro banho.

Menino, veste uma calça!
No calor intenso do verão,
Brincando todo empolgado,
Aprendeu uma boa lição,
Que não devia andar pelado.

Você tem que ouvir os mais velhos!
Tanta coisa a aprender,
E tão pouco a ensinar.
Como os velhos, há de ser.
E seu instinto ocultar.

Fala que nem homem, moleque!
Com a voz desafinada,
E a carinha de criança,
Fez uma voz disfarçada,
Pra merecer confiança.

Pra ocultar tantos defeitos.
E pros outros lhe aceitar.
Mais um monte de disfarces,
Ainda terá que usar.

Foram remendos, retoques e enxertos.
Uns a esconder suas vergonhas.
Outros, para parecer com seus pais.
Uns a esconder remendos antigos.
Outros, a substituir os que não combinavam mais.

Até que num belo dia,
Por pura curiosidade.
Trancado em seu banheiro,
Pra evitar cumplicidade.
E fixou-se no espelho,
Pra conhecer toda verdade.

Nem seu olho refletiu.
Tampouco, seu corpo encoberto.
Querendo poder, o original enxergar,
Cada uma das mascaras, decidiu arrancar.

Pra cada uma removida,
Tinha outra escondida.
Nosso herói desesperado,
Foi jogando todas de lado.

Foi com a última arrancada,
Que o espelho por fim revelou,
Que no banheiro não restava nada.

Um comentário:

  1. Alvaro, seu poema tem um desenrolar enigmático e um final duramente realista, cumpre uma importante função da literatura que é fazer pensar. Abs.

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