sábado, 29 de maio de 2010
O Poeta - Alvaro Freitas
domingo, 23 de maio de 2010
O Corvo - Alvaro Freitas (releitura de Edgar Allan Poe)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
SER OU NÃO SER ENGANADO
-Moço! Ei moço! Posso falar um instante com você?
Caminhava distraido pela rua Guaibê em Santos, quando ouvi aquela voz me chamando.
Parei e olhei para ele. Era um homem de meia idade, devia ter uns 38 anos, estava com a perna engessada do tornozelo até acima do joelho e caminhava com dificuldade. Aproximou-se dizendo.
-Sabe! Tive alta na Santa Casa e minha familia não foi avisada. Consegui chegar até aqui, mas moro em Vicente de Carvalho e não tenho dinheiro para pegar a barca e atravessar o canal.
-Será que você pode me ajudar?
Olhei em seus olhos e achei que falava a verdade, então dei os três reais que carregava no bolso. Agradeceu com um sorriso e segui meu caminho. Estava indo visitar uns parentes ali perto, na Rua Jurubatuba. Chegando lá não encontrei ninguém em casa, eles tinha saido. Então retornei pelo mesmo caminho. E passando em frente a padaria que fica no meio da quadra, proximo onde aquele homem me abordou, senti a raiva tomar conta de mim.
Encostado no balcão com um copo de bebida à frente, lá estava ele.
O homem da perna engessada.
O sangue subiu, senti vontade de ir lá brigar por ter mentido para mim. Mas, acabei me controlando e seguindo para casa. Aquilo me aborreceu muito, então prometi que nunca mais ia deixar ninguém me enganar.
O tempo passou e um dia estava em Florianopolis onde mora minha filha. Levei-a para uma consulta médica. Ela entrou no consultório e eu estacionei o carro na sombra de uma árvore. Fiquei ouvindo musica e com a porta aberta enquanto aguardava. Estava ali a algum tempo, quando surgiu um casal, não sei vindo de onde. O pai com a criança nos braços aproximou-se e mostrou uma receita perguntando se eu podia dar algum dinheiro, pois a criança precisava tomar aquele remédio. Em minha cabeça veio a lembrança do homem que me enganou em Santos e comentei que devia ir no posto de saúde que conseguia o remédio de graça. Ele disse que tinha estado lá e aquele medicamento não havia em estoque, tinha que ser comprado.
Disse que não tinha dinheiro e pude sentir o desanimo em seu rosto. Saiu sem dizer nada, seguido pela mulher. Ainda não tinha virado a esquina, alguns metros a frente, quando comecei a sentir uma sensação estranha. Era como se minha consciência cobrasse. Afinal, aquele remédio podia ser a diferença entre a vida e a morte para aquela criança.
Não era preciso comprar o remédio, bastava dar algum dinheiro. Ele ia ficar satisfeito e eu não ia ficar mais pobre. Então liguei o motor do carro e fui atrás deles. A rua que entraram era contra mão, tive que dar uma grande volta e com isso perdi muito tempo para chegar onde imaginei que estariam. Mas, não havia nem sombra deles. Rodei pelas imediações, e nada. Depois de algum tempo resolvi voltar e minha filha já estava me esperando. Perguntou onde tinha ido. Respondi que fui resolver um negocio mas não dei maiores explicações.
Voltamos para casa e fui pensando naquela criança. Será que agi certo? Tenho visto campanhas para não dar esmolas e que remedio a rede publica fornece. Mas, tem hora que temos a sensação de estar sendo cruel com as pessoas, como aquele chefe de familia com aquela criança. Pode estar desempregado e sei que na rede pública falta medicamentos. Fiquei com um peso grande na consciência e decidi que devo ser mais criterioso e analisar com calma para não ser enganado. Mas, sei também que as vezes é melhor arriscar para ajudar quem precisa, que virar as costas para todos.
JAF Falcão Peregrino
domingo, 16 de maio de 2010
Era uma vez... - Alvaro Freitas
domingo, 9 de maio de 2010
Zoráculo - Alvaro Freitas
sábado, 8 de maio de 2010
Calouro
brincar de ser poeta,
e o que eu não tenho medo
é de tentar fazer enredo.
Não tem jeito, nem quando eu me deito
gosto, tento, meço e faço
mas o que tenho é pé descalso
na estrada da palavra.
Me desculpo, homem matuto
por tomar-te todo o tempo
lendo, relendo, vendo e fazendo
todo esforço pra tentar me captar.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Mulher/Mãe.
Nem todas mulheres são mães, apenas prestam ao papel de fêmea parideira,
fato que pode ser ocasional e neste acaso um filho pode ser mero fruto
indesejável, por minutos de prazer.
?...
E agora mulher vai teu filho chegar,
te amar como santa e de mão te chamar.
Por ele serás a sombra do próprio viver.
Depois que a mulher fica mãe tudo é motivo para chorar:
chora se o filho sofre,
chora se apenas pensar que este possa sofrer,
chora a beleza de vê-lo sorrir,
chora se na vida vencedor este volta para agradecer.
Mãe é algo difícil de se entender e impossível de analisar.
Não sabe se ri ou chora,
sabe ser mãe na hora que o filho perigos rondar.
No papel que desempenha,
onde fica você?
Será que te basta ser mãe,
esquecendo ser mulher?
Cada dia olha infinitamente para os que ama sem se vê.
Porém, tens um dia especial,
te cobrem de flores,
de ti se lembram para serem abraçados,
sim mamãe,
te fizeram este dia para o filho não esquecer,
que muito amor nos braços abertos,
a mãe tem para oferecer!
Musicalizando
- Oi Joãozinho! Está preparado? Se lembra que hoje vamos falar com o pai sobre o nosso namoro, né?
- É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim.
- Ai amor, eu falo sério, você tem que parar com essa mania de falar cantando, meu pai pode não gostar.
- Don't worry about a thing, 'Cause every little thing is gonna be alright.
- Ai deus, no que é que isso vai dar?! Olhe lá, ele está chegando...
- Ola camarada, eu sou o pai da Mariazinha.
- Alô criançada o Bozo chegou!
- O que foi que você disse?
- Digo, muito prazer Sr.
- Ah, está bem, e como você se chama?
- Para alegrar a rapa nas ruas da sul eles me chamam Brown, maldito vagabundo, mente criminal.
- O quê?
- Desculpe, me chamo João Sr.
- Imagino que já deva saber, nossa família tem uma empresa muito bem sucedida, muito conforto financeiro, belos carros e moramos numa linda casa na Granja Viana. E você onde mora?
- A lua cheia clareia as ruas do Capão.
- Capão, Capão Redondo!? Fala sério? Bem, deve ter algum condomínio luxuoso pra esses lados também. Não é o melhor lugar pra se escolher, mas, se vocês tiverem carros blindados, por mim tudo bem.
- E no que você trabalha?
- Estátuas e cofres e paredes pintadas, ninguém sabe o que aconteceu.
- Ah, deve ser com obras de arte e coisas relacionadas a museus então.
- Mas como é o ramo? Você lucra muito com isso?
- Ora bolas, não me amole, com esse papo de emprego, não ta vendo, não tô nessa, e o que eu quero é sossego.
- O que! Você não trabalha então?
- É prosti é prostituto.
- Nossa! Isso só pode ser linguagem de jovem mesmo. Deve ter outro significado. Tudo bem, deixe pra lá. E por que é minha filha se apaixonou por você, o que foi que você disse à ela?
- E por você eu largo tudo, carreira, dinheiro e canudo.
- Bem, não estamos nos entendendo direito. Vamos ao mais importante então. Quais são mesmo as suas intenções com a minha filha?
- Créééu, créééu, créééu!
- Já chega, alô, é da polícia? Há um elemento aqui em minha casa que quer desonrar a mim e a minha família, levem-no daqui!
- Polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia!
- Pai, não, não faça isso com o Joãozinho, por favor!
- Seu guarda eu não sou vagabundo, eu não sou delinqüente, sou um cara carente.
- Agora você vai ver o que é bom pra tosse, pensa que vai ficar a atrapalhar as pessoas assim, seu marginal.
- Deixe me ir preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar.