Esse blog foi criado pelos alunos do professor Ricardo para divulgar os rascunhos literários.
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Musicalizando

- Oi Joãozinho! Está preparado? Se lembra que hoje vamos falar com o pai sobre o nosso namoro, né?

- É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim.

- Ai amor, eu falo sério, você tem que parar com essa mania de falar cantando, meu pai pode não gostar.

- Don't worry about a thing, 'Cause every little thing is gonna be alright.

- Ai deus, no que é que isso vai dar?! Olhe lá, ele está chegando...

- Ola camarada, eu sou o pai da Mariazinha.

- Alô criançada o Bozo chegou!

- O que foi que você disse?

- Digo, muito prazer Sr.

- Ah, está bem, e como você se chama?

- Para alegrar a rapa nas ruas da sul eles me chamam Brown, maldito vagabundo, mente criminal.

- O quê?

- Desculpe, me chamo João Sr.

- Imagino que já deva saber, nossa família tem uma empresa muito bem sucedida, muito conforto financeiro, belos carros e moramos numa linda casa na Granja Viana. E você onde mora?

- A lua cheia clareia as ruas do Capão.

- Capão, Capão Redondo!? Fala sério? Bem, deve ter algum condomínio luxuoso pra esses lados também. Não é o melhor lugar pra se escolher, mas, se vocês tiverem carros blindados, por mim tudo bem.

- E no que você trabalha?

- Estátuas e cofres e paredes pintadas, ninguém sabe o que aconteceu.

- Ah, deve ser com obras de arte e coisas relacionadas a museus então.

- Mas como é o ramo? Você lucra muito com isso?

- Ora bolas, não me amole, com esse papo de emprego, não ta vendo, não tô nessa, e o que eu quero é sossego.

- O que! Você não trabalha então?

- É prosti é prostituto.

- Nossa! Isso só pode ser linguagem de jovem mesmo. Deve ter outro significado. Tudo bem, deixe pra lá. E por que é minha filha se apaixonou por você, o que foi que você disse à ela?

- E por você eu largo tudo, carreira, dinheiro e canudo.

- Bem, não estamos nos entendendo direito. Vamos ao mais importante então. Quais são mesmo as suas intenções com a minha filha?

- Créééu, créééu, créééu!

- Já chega, alô, é da polícia? Há um elemento aqui em minha casa que quer desonrar a mim e a minha família, levem-no daqui!

- Polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia!

- Pai, não, não faça isso com o Joãozinho, por favor!

- Seu guarda eu não sou vagabundo, eu não sou delinqüente, sou um cara carente.

- Agora você vai ver o que é bom pra tosse, pensa que vai ficar a atrapalhar as pessoas assim, seu marginal.

- Deixe me ir preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar.

2 comentários:

  1. È legal a idéia deste jogo de música, papo fútil em hora que deveria ser papo sério.Na real sai pancadaria. Beijos.

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  2. Gostei muito! Escrever é criar contrastes, ficou muito bacana.
    Grande abraço,
    Ricardo Ramos Filho

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