Esse blog foi criado pelos alunos do professor Ricardo para divulgar os rascunhos literários.
Se desejar fazer parte, deixe uma mensagem com um exemplo do seu texto.
________________________________________________________________________

terça-feira, 30 de março de 2010

Capítulo de Novela

Chico tinha bronca da mulher ser viciada em novela, esquecia da vida nessa hora, parava tudo, não deixava ninguém conversar. No dia que tiveram uma discussão, ele aproveitou que não estavam se falando e resolveu vingar-se.
Como se não lembrasse da existência da novela, enquanto a mulher preparava o jantar, foi até a locadora e pegou um filme. Quando o telejornal estava quase acabando, colocou o filme no aparelho de DVD e sentou-se confortavelmente em sua poltrona.
A mulher ficou visivelmente incomodada, olhava para o relógio, olhava para o filme e coçava-se. Mas era certo que ela não iria falar nada, seria muita humilhação voltar a falar com o marido brigado somente por não aguentar ficar sem a novela. Chico se divertia em silêncio, fingia estar adorando o filme que na verdade ele nem tinha entendido ainda sobre o que se tratava, prestava mais atenção ao desespero da esposa do que à tv.
Admitindo que naquela noite a novela já era, a mulher levantou-se e foi para o quarto. Chico começou a prestar atenção ao filme e percebeu que já o tinha assistido, talvez no cinema. Mas decidiu continuar, até que começou a lembrar de toda a história, e com isso lembrou-se também que havia se esquecido do filme de propósito, por tanta raiva que ficou da primeira vez que o tinha visto. O filme terminava da forma mais idiota que se podia imaginar, parecia um capítulo de novela.
Chico pensou em tirar o filme, mas e se a mulher voltasse e tomasse coragem para perguntar o que aconteceu, seria ridículo. Talvez fosse melhor chamá-la para ver a novela, como se acabasse de perceber que estava na hora. Melhor não, fazer isso era o mesmo que pedir desculpas, e quem devia desculpas era ela. Futebol? Será que tinha jogo aquela noite? Também não ia funcionar, os jogos sempre começam depois da novela.
Vendo-se quase obrigado a assistir novamente àquela porcaria de filme, Chico aborreceu-se, mas deixou que continuasse. Aos poucos começou a relembrar-se do último capítulo da novela que havia assistido e que aquele era o dia da namoradinha do velho rico aparecer no motel com outro – e que namoradinha! E o velho, o que será que ele ia fazer para impedir a ex-mulher de provar para o sócio dele que havia sido roubado durante anos. No último capítulo a novela acabou bem na hora que o velho chegou na casa da ex-mulher. Por que novela sempre acaba quando está para acontecer algo importante? Mas aquele velho safado bem merecia ser desmascarado, e se rolasse um clima com a ex-mulher em vez deles brigarem? E se o velho a matasse?
Chico concluiu que escolhera um dia ruim para provocar a esposa, ele também precisava ver aquele capítulo da novela. Tomou coragem e foi atrás da mulher no quarto...
Quer saber o que aconteceu depois? Só no próximo capítulo.

Noites?

A noite.
Tua alma dispersa irradia minha casa,
me guia,
me flama,
flashs de desejos.
Hoje.
Conheço teu beijo.
Não mereço teus segredos?
A meu favor a certeza:
minha vida somada a tua momentos de prazer,
ternura,
carinhos testemunham.
Cúmplices lícitos do silêncio.

sexta-feira, 26 de março de 2010

seu Barbosa e dona Roma - Metáfora - Alvaro Freitas

—Deus me livre! Esse bife é uma tábua!
—Não é, não! É alcatra!
—É uma metáfora, oh caquética!
—Só se o seu Miguel me enganou. Eu comprei como alcatra. Nem sabia que tinha carne com esse nome!
—Meu senhor protetor das velhas ignorantes, tenha pena dessa pobre jumenta!
—Credo, como você é grosso!
—Metáfora é quando você diz uma coisa que não é verdade, mas é como se fosse. Entendeu?
—Tipo quando você fala pros seus amigos que faz sexo quase todo dia?
—A culpa é mais sua do que minha!
—Do que? De metáfora ser a mesma coisa que mentida ou de você ser um velho broxa?
—E depois o grosso aqui sou eu!? Saiba você que eu dou os meus pulinhos por ai!
—Nossa! Que machão! Com quem, posso saber?
—Esse é um segredo que guardo a sete chaves!
—Segredo? Eu estou é com dó da dona “Metáfora”!
—Quem disse que é uma só? Eu sou homem para um harém!
—Hoje você tá é cheio de metáforas! Em, “garanhão”!?
—Sou mesmo! Se a gatinha bobear, eu logo ataco.
—A vizinha tá lá fora lavando a moto. Quero ver você ir até lá e “impressionar”!
—Você acha? Ela é moça de família!
—É... Só se for de família de quenga, isso sim! Vai lá e mostra o seu gingado que eu nunca mais te mando levar o lixo na rua.
—Saiba você que o trabalho dignifica o homem! — Me passa aquela faca mais afiadinha meu bem...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nociva visão

Sua pele?
Morena jambo.
Leve sonho.
Viajo.
Fruto proibido,
Salada dos deuses.
Teu coorpo,
minhas mãos.
Teus lábios,
minha boca.
Já tarde,
teu suco meu sangue.
Teus olhos eu não sei!

&

Viver é uma nota musical!
O amor é um compasso de uma peça natural.
Nota por nota deve ser tocada.
Se formar uma canção já passada,
deve ser depositada,
nos arquivos da memória sã.
Sem deixar que ela impeça,
que outras notas se teçam,
em nossa pulsação.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Uma Partida de Futebol

Era um domingo, uma tarde quente de fevereiro, o desfile das escolas de samba do Rio seria naquela noite. Todos estavam apreensivos pela conquista do campeonato.

A Unidos da Ponte faria a sua primeira apresentação no grupo especial.

Para comemorar, o pessoal da comunidade organizou uma festança! Muita bebida, churrasquinho, samba e futebol.

A partida seria de casados contra solteiros, sendo que todos jogariam vestidos de mulher, uma homenagem a Dona Beija, samba-enredo do carnaval passado que fizera a sua escola vencedora conquistando o passe para o grupo especial.

Quando todos os homens estavam prontos para o jogo e entraram em campo, foi uma gargalhada geral, alguns de mini saia, peruca loira, ruiva; outros usando sutiã com enchimento, batom e blush, um capricho só. Mas foi só dar o apito inicial da partida que a coisa ficou séria, numa primeira dividida Zequinha, atacante do time dos solteiros teve a sua saia arrancada pelo Armandão, beque do time dos casados.

Diziam as más línguas que Zequinha andava saindo com a mulher do Armandão e pelo visto parecia que a coisa era séria. Em toda dividida entre, Armandão e Zequinha, a coisa ficava preta; Armandão não aliviava não! Sempre entrava de sola em Zequinha, até que, ainda no primeiro tempo, Zequinha se enfezou e foi tirar satisfação com o juiz.

Mas o árbitro não deu a menor atenção para Zequinha, isso porque o mediador era irmão de Armandão e não estava gostando, nada... nada, do comportamento de sua cunhada pela comunidade: Onde já se viu receber um homem em casa todas as tardes enquanto seu marido ralava nas estradas dirigindo caminhão.

Terminado o primeiro tempo, os ânimos estavam exaltados, a torcida percebeu que o clima tenso no campo ia além de uma simples partida de futebol. A solução seria substituir um dos jogadores para evitar o pior. Mas nenhum deles quis perder terreno e uma nova etapa se iniciou.

O mediador estava no centro do campo, pronto para dar o apito inicial quando se ouve um tiro! BUMM!!!

Armandão aparece desfalecido no meio do campo e atrás dele sua esposa, com uma garrucha na mão.

Todos ficaram ali parados imóveis vendo tudo acontecer, tão de perto, uma cena tão dantesca.

Por que aquilo? Por que Matilde, esposa de Armandão, matara seu marido ali na frente de todos, tudo isso por amor a Zequinha?

E nessa mesma hora, enquanto o corpo de Armandão caia inerte na grama, ouve um grito histérico!

- Meu Deus, mataram meu amado...

Era Zequinha, totalmente transtornado pelo assassinato de seu amante.

- Não posso viver sem você, continuou Zequinha, que pegou o revolver da mão de Matilda e se suicidou

Logo depois veio o camburão e levou Matilde algemada.

Nunca, ninguém jamais esqueceu aquela tarde tão conturbada de carnaval.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Oxitoná - Alvaro Freitas

—Aceita um chá?
—Sim, obrigado.
—Então, o que o trouxe aqui?
—Sabe doutor. Eu tenho sentido uma angústia muito grande. Meu coração vive apertado. Tem noites que eu passo em claro só de pensar na minha situação.
—Camomila ou erva-doce?
—Camomila... — Respirei fundo e me acomodei melhor no divã enquanto observava o doutor, calmamente preparar duas xícaras de chá. — Antigamente, tudo era diferente. Eu me sentia mais valorizado, mais útil.
—Açúcar ou adoçante?
—Açúcar.
—Uma ou duas colheres?
—Deixe-me ver a colher, hum... Uma e um quarto, por favor.
—Aqui está!
—Desde o início da minha carreira eu sempre gostei de ser um oxitoná. Minha vida fazia sentido como tal. Eu podia ajudar os outros e contribuir para a minha empresa.
—Se importa se eu ascender um incenso?
—Pode ser de lavanda?
—Claro!
—Quando eu entrei nessa empresa, o meu gerente era um hiato. Ele era um ótimo profissional e trabalhava muito feliz, aliás, hiato é hiato. Por que não haveria de ser feliz.
—Quer que afaste um pouco o incensório?
—Um pouco mais para a direita... Assim está ótimo, obrigado.
—Por nada.
—O Hiato me deixava trabalhar a vontade. Como oxitoná, eu ia aos outros setores, propunha melhorias, ajudava na produtividade e fazia a empresa crescer junto com as necessidades de cada funcionário.
—Interessante!
—O trabalho de oxitoná?
—Não, a fumaça do incenso. Parece um jacaré.
—Um dia, um gerente de outra área — o Proparoxítono — foi promovido para diretor. Incomodado com o sucesso do nosso setor, demitiu o Hiato.
—Pobrezinho!
—Que nada! Ele logo arrumou um emprego melhor, pertinho da casa dele.
—Eu falei do jacaré. Olha só o que ele virou!
—Eu fiquei chocado pelo jacaré, isto é, pelo Hiato. Ele havia me ensinado muita coisa, principalmente, que eu deveria sempre defender meus ideais. — “Eu serei um hiato até o último dia da minha vida!” — Afirmava ele com a mão ao peito como que jurando à bandeira.
—Triste fim!
—Do jacaré?
—É!
—Mas, a vida tem que seguir seu rumo! Então eu continuei sendo, não mais uma oxitoná entre tantos outros, mas o oxitonô. E como fui...
—Quer que ligue o ar quente?
—Se preferir...
—Vou colocar só na ventilação.
—Mas o meu comportamento irritava o Paroxítono. Ele queria que eu mudasse, mas eu recusei. Eu tenho uma profissão a zelar!... O senhor está bem?
—A sim, claro. Só estou alongando minha úvula. Pode continuar!
—Para minha surpresa, o senhor Proparoxítono rapidamente desistiu de mim e promoveu um colega, o Paroxitôno. Rapaz bom e esperto, mas com uma característica que o tornava mais elegível do que eu. Ele era bem mais parecido com o Proparoxítono.
“Cof, cof, cof...” — Quer uma água?
—Não, obrigado. Sem querer engoli o São Benedito. Já estou bem.
—O Proparoxítono, chamou uma reunião com o nosso departamento e falou: “A partir de hoje, todos seremos proparoxítonas!” — Olhou para o meu recém empossado chefe e o alertou: “Lembre-se que quem paga o seu salário sou eu!” — O pobre rapaz não hesitou em concordar. O temível corsário, depositou seu olhar maligno sobre mim e perguntou: “Fui claro?”
—Está muito claro? Quer que apague o abajur?
—Não. Eu estava contando o que o Proparoxítono me falou.
—Há sim, claro. Nossa, quanto claro... Continue!
—A partir desse dia, o departamento inteiro passou a ser proparoxítona. Para o meu chefe, o Paroxitôno, virar paroxítona foi fácil. Mas para mim, um oxitonô, está sendo terrível. O senhor não vai cair daí?
—Não se preocupe, essa estante é bem resistente e eu sou bastante ágil.
—Já se passaram mais de dois anos. Ainda sinto saudade do tempo que cada um podia exercer o seu papel com orgulho. Eu era o oxitonô e trabalhava com o paroxitôno. Hoje, com a nova gramática, todos somos proparoxítonas, e a coisa vai de mal a pior.
—E como você se sente?
—Sinto que aquele não é mais o meu lugar. Sinto que sou uma oxítona inútil numa empresa que só quer saber de proparoxítonas, custe o que custar.
—Desculpe! Eu tinha perguntado para o jacaré da fumaça.
—A tá... O que o senhor, como profissional em gramática me recomenda?
—A gramática moderna é muito rígida. Cedo ou tarde vai ter que se acostumar. Enquanto você trabalhar nessa empresa, seja uma oxítona ou uma paroxítona, você sempre terá que se comportar como uma proparoxítona.
—Obrigado doutor pela consulta!
—Esse é o meu trabalho! Você comprou aquele remedinho que lhe mandei?
—Esse aqui?
—Este mesmo!! Dá um?

“PUT IN MY TWO CENTS”


CRUZANDO PALAVRAS:

Vida… Fico imaginando…
Aonde chegaremos… Eu não sei:

Imaginas caminhar pela rua e não ser violentado,
Seja pelo ladrão, Polícia ou cidadão não civilizado.
Imaginas os Tribunais céleres e justiça pontual,
Vivendo com dignidade, respeito, educação e não salário convencional ao patronal.
Sem Assistência Social, mas conscientes,
No modo como criamos os nossos filhos, que não serão delinqüentes.
Parece que a vida está no fim, pereceu, perdeu o valor,
O meu nasceu, com saúde, num dia de calor.
Porém não posso vê-lo, não tenho direito, não tenho nada,
Na máquina do Estado o que vale é a marcha da corrupção e o dinheiro dos magnatas.
Colocado na cueca, na meia ou no avião,
O importante é agradecer a Deus por nossa enganação.
Não há integridade, civilidade ou bom-senso,
Eles só pensam em levar mais uma fatia do nosso terço.
Imaginas todos vivendo bem, brilhando,
Fora das favelas, da fome e das filas do SUScateando.
Um lugar onde os gays, japonês e português são respeitados,
E os negros possam caminhar orgulhosos e serem considerados.
Sem segregação, separação, divisão de religião ou racismo,
As mulheres, como todos os demais, já merecem o seu prestígio.
Essas são apenas algumas palavras de reflexão,
Um rápido olhar sobre o tempo de nossa geração.
Tudo isso porque hoje avistei,
Um dirigível com as palavras em inglês: “The World is Mine”.

Se o mundo fosse meu,
Imaginas isso...
Eu o libertaria da miséria, perseguição e do Chavismo.
Os seres humanos, animais e toda natureza,
Seriam importantes e preciosos como diamante azul e perola negra.
Se o mundo fosse meu,
Imaginas isso...
Prenderia o Osama, o Bush e todo tipo de coronelismo.
Não haveria armas, fronteiras ou raças,
Seriamos todos iguais, abençoados sob as mesmas graças.
Um lugar onde o amor, a honestidade, o respeito e a afeição,
Fariam parte do cotidiano do coração da minha população.

O que você faria se o mundo fosse seu?
Mas as linhas têm que rimar, não esqueceu?

Até logo,
DragãoVermelho.

*Uma brincadeira rápida com a música “IF I RULED THE WORLD” do Nas.
*Não foi plágio, cópia e nem tradução,
Foi somente a minha versão dessa canção.

Ex, passado.

O espelho está ali, bem na frente.
A saudade mastiga.
Subta descoberta.
Na réplica quase maldita,
inimiga de si,
em fúria.
A ruga na testa principia.
Tudo que lhe é vital,
sopra o passado amarfanhado,
como o lençol nunca presente.
Num sorriso vermelho-sangue,
o beijo não dado.
Oscila entre a partida,
o amor e o sal,
crônico sabor,
degustado na lágrima do adeus.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A MOÇA DO CIGARRO

Ela mora em meu prédio. Na verdade, nada sei sobre ela. Presumo que deva trabalhar para alguma família. É uma moça simples, com os cabelos maltratados, sem brilho. É pequena, magra. Não sei seu nome, não sei se é casada, se tem filhos ou mesmo se tem um amor. Eu a vejo quase todas as tardes, quando desço para pegar meu carro. Desço apressada, com os braços carregados de livros. É hora de ir para a escola. Vou dando uma última passada de olhos pela aula que preparei. E lá está ela. A moça. Sentada em um cantinho da garagem, tomando um pouco de sol e fumando um cigarro. Paro, fascinada por aquela cena. Já fumei, não fumo mais, há muitos anos. Nem quero fumar. Nem sinto falta do cigarro. Mas, não sei por que, sinto uma atração irresistível por aquele cigarro. Deve ser pela intensidade com que ela traga a fumaça. Ou talvez porque seja no meio da tarde e o porteiro está fazendo café, ou ainda porque estabeleci regras para minha vida, como não fumar. E ela fuma sem culpa. Às vezes coloca a mão para proteger os olhos do sol. De repente quero trocar de lugar com ela. Lembro-me das aulas, dos alunos que vão estar olhando para mim e tudo que quero é estar ali, fumando aquele cigarro. Penso, ela não deve falar inglês, nem saber quais são as correntes históricas, nem tampouco que Isabel de Castela era uma mulher de muita astúcia. Não deve fazer imposto de renda, nem saber que o euro subiu ou caiu. Ela apenas fuma seu cigarro ao sol, cumpre seu papel. Ali, naquele momento, eu queria estar em seu lugar. Ali, naquele momento, eu trocaria um cruzeiro pelas ilhas gregas para fumar seu cigarro e ali, naquele momento, eu também trocaria fazer amor com Richard Gere numa praia deserta para fumar seu cigarro...seu maldito cigarro.

"Olhar insano"?

O povo tem hoje, o que a maioria pediu. Esperemos que a varinha de condão não esteja nos planos deles, pois para um maestro segurar a batuta, tem que haver no mínimo a orquestra presente.
País, homens e idéias distintas, em razões paralelas à visar um único ponto no horizonte, de um céu recolhido, como criança que chora escondido. Conjunto vazio de um povo que tenta alcançar, a linha que limita a misericórdia e o motivo para entrar no barco, onde num dois pra cá, um pra lá, ferve os nervos no andar de baixo.
Tuncar idéias sim, agora, já, desde que eu não me faça cordeiro nas razões alheias.
E agora Pessoa? O que diz Vinicius "Se amar o perdido deixa confundido o coração" quando Drummond pergunta: "E agora José", tens na frente o homem aclamado, fora das gavetas os sonhos de um pais ainda amado, estas com o dia ganho, vais esperar que um testa apenas,encare todo o lixo revolto e limpe as curvas dos rios. Ou como Vladimir Maiakovski foi fiel as suas origens experimentalista, descruzarás os braços para as conquistas
Acordem homens! Este ar que bombeia- lhe e peito é seu, ( assim como as invertidas que virão).
Sonhos de alguns anos, razão para sonhar com coisas melhores, sem que as coisas do homem, sejam motivos de medo. Ou ira dos inocentes que ainda cruzam os braços indefesos e esperam que o céu se abra, por um vão qualquer escorram anjos, com sacolinhas de soluções. Das quais o representante é o presidente do páis. Sem perceberem que tens nas mãos a força, porque Deus é um pai justíssimo que deu a todos o livre arbítrio, para buscar na corrida dos sonhos, os ideáis e fincar pés nas questões.
Um homem hoje acordou diferente, sentindo-se ponto de atração de todos os "poréns" do mundo. Mas, ainda sorri. Você que o sentou naquela cadeira, vais trocar em múdos para contar essa história, ou prefere dar nas mãos dele, o cálice, da vitória de hoje apenas? No qual certamente no afogaríamos. Esta guerra de nervos que se apodera do povo é a maior prova de que um líder estará sempre na singularidade, se cada um fizer seu, o barco de todos.
Se achas que estou truncando, não ve nada!

Minha Riqueza

Ela não está em nenhuma conta bancária e nem debaixo do colchão.
Começou de uma hora para outra e fui aos poucos enriquecendo.
Primeiro foi quando casei.
A mulher que tornei minha esposa veio iniciar a fortuna e
me fazer um indivíduo melhor.
Aprendi com ela a amar e fui também muito amado.
Depois surgiu minha filha e conquistei a grande riqueza de possuir
uma familia.
Meu coração tinha que trabalhar muito para produzir mais amor.
Algum tempo se passou e meu filho veio para consolidar de vez
esses laços familiares. E assim, fui ficando cada vez mais rico.
Com os ensinamentos que transmitia e especialmente com os que recebia.
Eles também, começaram a compartilhar seu amor comigo e aprendendo
a construiur sua própria riqueza.
Então pude entender que tudo na vida passa, as coisas mudam, vem a distância,
osa obstáculos e as perdas, mas o amor é imutável.
Permanece, independente das circunstancias.
O dos pais com os filhos então, nunca envelhece ele se regenera, nunca diminui
ou se divide. Um dia mais pessoas vão fazendo parte da familia e maior ele se torna.
Os filhos já casados trouxeram mais amor, especialmente dos dois netos que são
as joias mais preciosas dessa fortuna.
Ouvir ecoar pela casa a palavra "Vovô" quando correm em minha direção com alegria,
buscando a proteção do meu abraço, tem uma sonoridade indescritível.
Muitos passam a vida com ricas contas bancárias, mas vivem uma existencia
pobre de amor.
Então nada posso reclamar da vida se tenho toda essa riqueza.

JAF/Falcão Peregrino

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu!

Hoje sou atômica.
Sinto-me mais destrutiva,
que a assassina de Hiroshima.
Cada átomo de mim não encontra seu espaço.
Lutam entre si pela maior radioatividade.
Não posso ser tocada,
sei que exalo negativismo.
Hoje sou mais peçonhenta do que a serpente.
Deixo o veneno fluir pelos poros.
Sinto-me mais má do que a medusa,
se olhar para alguém sei que se dissipa.
Sou mais cega do que a própria,
Está na minha essência a escuridão.
Uma luz ausente apodera-se de meus instantes.
Em um pulsar absoluto,
passa por mim o trem da agonia.
Deixa em meu paladar o gosto do negro.
Minha saliva fora da boca,
autentica lápide de sepulcro.
Isolo-me de minha presença.
Esse momento não é momento.
È eternidade.
Essa alma nesse momento não é minha.
Está sob reflexo de uma mente depressiva,
ao sabor do mundo CÃO.

A mosca - Alvaro Freitas

Hoje o dia está maravilhoso — quente e úmido como todo bom dia de verão deveria ser.
— Aquilo, que aquela enorme máquina retira do fundo do rio e vai empilhando nas suas margens, emana um apetitoso aroma de fartura. Toda aquela abundância de alimentos nos atraia como lâmpadas para mariposas. Ah, quantos parentes! Ah, quantos amigos! Graças a Deus e aos homens, essa fartura nunca há de se acabar.
Curtindo a sombra de uma faraônica árvore, dois gigantes se preparam para devorar suas presas que brutalmente sacaram de seus compartimentos.
—Será que aquilo que eles estão comento tá morto?
—Se não tiver, tanto faz. Olha o tamanho daquelas bocas!
—Um só deles seria capaz de engolir a minha família inteira sem mastigar!
Apesar de aquela cena nos dar medo e até um pouco de nojo, o que eles comiam nos seduzia de maneira incontrolável — se o tal manjar dos deuses existe, acho que é aquilo o que eles têm nas mãos.
Nós sabíamos que não precisávamos da comida deles. Estávamos fartos com toda a abundância que o Tietê nos oferece. Sabíamos também que nossos pais haviam nos ensinado a não nos aproximar de estranhos, principalmente enquanto comem, pois eles costumam ficar furiosos. Mas a fartura era muita. O que eles tinham naquelas malas era mais que suficiente para todos nós.
Porém, o egoísmo daquele dois era demais. Mal nos aproximamos e eles começaram a deflagrar violentos golpes contra nós, no vazio e até neles mesmos.
—O que eles pensam que estão fazendo? Para que tanta ignorância? Será que eles não percebem a descomunal força que têm?
—VAI COM CALMA AÍ OH GRANDÃO! — Gritei com toda a minha força, embora, para eles, parecesse ter sido só um zunido.
—Eles podem nos chamar do que quiser. Mas nós sabemos repartir o nosso alimento. Nós jamais negaríamos a um estranho o melhor lugar na nossa refeição.
—Ainda me lembro do dia que estávamos nos fartando e veio um deles, pegou a nossa carcaça e nem comer comeu. Abriu um buraco e a enterrou.
—Porque eles acham que os vermes merecem mais do que a gente?
—Inveja — só pode!
—E aí, vamos tentar de novo aquele lanchinho?
—Olha só! Enquanto estávamos aqui filosofando, aqueles brutamontes devoraram tudo e se mandaram.
—Oh vidinha besta a deles, hem?

terça-feira, 16 de março de 2010

A Lucia

Adoro quando Lucia chega.
Se apodera do que é meu,
se expõe feito louca.
No cio das águas claras,
ela se banha se droga.
Enveredando-se por caminhos,
aos quais só o prazer pode levar.
Lucia é a fracasso da mulher,
porém é a essência do ser humano.
Namulher o silencio das almas.
Lucia?
As delicias da paixão.
Em atrevida ode de amor e fogo.

OS NEVOEIROS DE ASHGARD

Há alguns dias um espesso e forasteiro nevoeiro tinha se instalado na pequena cidade de Ashgard, ao sul de Loran, trazendo medo e temor à população local.
Rumores descreviam que o temível mago Lukian havia encontrado o Livro Sagrado dos Mortos e estava trazendo à vida todas as temíveis criaturas da escuridão. Aparentemente, ele deseja conquistar e dominar a grande Ilha do Sol.
Aventureiros, guardiões e alguns reconhecidos caçadores de recompensas que seguiram em direção às Montanhas Brancas, depois da Floresta Petrificada, estavam desaparecidos.
Segundo relatos, o mal emanado da Prisão Sem Muros, no território das Almas Perdidas, casa de Lukian, já descansava também sobre o reino dos Unicórnios e Centauros.
Nesse desassossego, o Palácio dos Anões Mineradores de Cristais seria o próximo a sucumbir à obscuridade.
Os campos dourados daquela terra viveram tempos de paz por quase mil anos, tão logo a última Divina Marcha caminhou rumo à Guerra dos Minotauros.
Do lado sul da ilha, a força estabilizadora advinha da união entre os Elfos das Planícies, os Elfos-Negros e os Halflings da Floresta Tropical. Por outro lado, o lado norte contava com o ajuntamento dos Anões de Fogo, Anões-Mineradores e dos Gigantes de Pedra, quase todos caídos.
A parte central era governada pela flexibilidade e diplomacia dos humanos, povo que começava a experimentar os primeiros sinais da chegada das trevas.
Sendo assim, Guiliard (monge de Roran) e Gregor (Paladino-Capitão do Cálice dos Três Poderes), formaram um grupo de batedores, oriundos das comarcas mais longínquas, para constatar os boatos e averiguar o que estava acorrendo.
Eram eles:
- Kimboo (o anão-bárbaro);
- Salomão (o padre da cura);
- Speedweed (o halfling e ladrão-acrobata);
- Cracus (o guerreiro e gigante de pedra);
- Deleras (o feiticeiro meio-humano e meio-elfo);
- Levies (o elfo-negro arqueiro).
Todos deveriam se apresentar na taverna Verde após o recolhimento dos pássaros. No entanto, passado o tempo de quatro ampulhetas, nenhum dos escolhidos ainda havia chegado.
Preocupados e temerosos, Guilard e Gregor se entreolhavam impacientemente a todo o instante em busca de respostas – fato que denunciava sobremaneira as suas ocultas inquietações perante os moradores de Ashgard.
A propósito, para muitos, sobretudo aqueles que acreditavam no término da Era da Luz, a presença dos dois fidalgos naquele humilde cenário era vista com apreensão e desconfiança.
Portanto, não restava dúvida que, caso qualquer ato secreto daquela porvindoura coligação de missionários fosse revelado, a nação dos homens entraria em pânico generalizado.
O futuro de todas as raças estava por um fio!

O que teria acontecido com Kimboo, Salomão, Speedweed, Cracus, Deleras e Levies?

*Escolha o que deseja ler e participe dos meus contos.

Até logo,
DragãoVermelho.


*Se gostou, eu continuo! Do contrário, passo para o próximo Ensaios & Reflexões.
*Críticas e sugestões serão bem recebidas.

Bom dia amor.

Como vai seu dia!
Tire essa ruga.
Olhe!
Olhe pra cá!
Aqui,
ó!
na janela.
Eu sei que tem uma janela aí.
Sempre tem uma janela na sala de quem trabalha,
para receber uma luz.
Escuta!
Por aí tem uma árvore?
Levante-se,
vá até a janela.
Deve ter um pássaro pousado nela.
Ele leva a música e meu beijo.
Deixe-se tocar.
Me receba.
Não sou louca!
Estou boba.
Bem às guelras da paixão.

sábado, 13 de março de 2010

seu Barbosa e dona Roma - Haiti - Alvaro Freitas

—Que horror o que aconteceu no Taiti, hem Barbosa?
—O tsunami?
—Véio ignorante! Passa o dia carregando jornal pra baixo e pra cima e não sabe do terremoto no Taiti!
—O que eu não sei é como fui casar com uma mula feito você, Roma! É Haiti. Com agá! Véia burra dos infernos!!
—Fique sabendo que eu ouvi no rádio do quarto que teve um terremoto no Taiti e que morreu mais de cem milhões de pessoas.
—Você tá é ficando surda! É Haiti com agá!
—Só se for em estrangeiro que se escreve Thaiti com agá.
—Você num lê o Estadão, lê? Então pronto! E tem mais, num morreu tudo isso não! No Haiti inteiro não tem cem milhões de pessoas pra morrer!
—Claro que não, o terremoto foi no Taiti! Morreu uns cento e cinqüenta milhões e ainda sobrou um tanto pra contar a história! O rádio do quarto não mente!
—O rádio do quarto só fala bobagem! O da sala que era bom! Depois que o Fabinho mexeu, ele só toca música de louco!
—Pra você, só é certo o que sai no jornal! Se eu não tivesse um véio porco pra cuidar, quem sabe eu tivesse tempo pra ler jornal.
—E você — surda do jeito que é — fica ouvindo o rádio da cozinha, que só fala desgraça, e fazendo comida; além de entender tudo às avessas, ainda erra na receita.
—Você que dê graças a Deus por ter uma mulher como eu... TIRA O PÉ DO SOFÁ DIABO!!
—Vai pro Taiti ver se eu não morri no terremoto! E não volta enquanto não me encontrar!
—Dá vontade mesmo de ir e continuar a luta da missionária Dorothy Stang. Coitada, morrer soterrada numa igreja. Ela não merecia!
—Nem eu! NEM EU!